sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Segredo sexual de mulher

Contar ou não contar? O dilema é forte para quem guarda um segredo sexual -ou seja, todo mundo. Atire o primeiro vibrador quem nunca omitiu um detalhe picante de seu histórico. Mas até que ponto é saudável contar ou esconder esses pequenos prazeres -ou deslizes? A seguir, revelações de quem resolveu abrir a boca.

Prostituta por uma noite

Cláudia*, 43 anos, secretária executiva

O SEGREDO 'Moro no Rio de Janeiro e sempre tive fascinação pela Praça Mauá (zona portuária e de prostituição). Não sei explicar, mas aquele clima de 'sacanagem' me atrai. Em 2006, eu estava separada do Beto*, meu namorado havia seis anos. Brigamos por uma grosseria dele, uma bobagem. Mas a relação já andava desgastada, foi o pretexto para dar um tempo. Decidi, então, colocar em prática uma fantasia antiga: ser prostituta por um dia naquela praça. Eu já tinha mencionado 'de leve' esse fetiche, mas Beto não levou a sério. Depois de dois meses sozinha, dei asas à imaginação. Me arrumei toda: vestido vermelho tomara-que-caia, maquiagem, salto alto. Peguei um táxi, lá pelas 11 da noite, e saltei na praça. Estava nervosa e com medo de encontrar algum conhecido, de ser agredida por algum maluco... Mas a excitação falou mais alto. Passei uns 20 minutos andando para lá e para cá. Vários homens me olhavam, as outras prostitutas me mediam de cima a baixo, mas ninguém falava comigo. Até que entrei por uma ruazinha e cruzei com um homem moreno, quarentão, de jeans, camisa branca e cara de malandro. Ele disse: 'Você me atrai'. Sua expressão era de puro desejo e isso me excitou. Fomos a um bar ali perto, com mulheres seminuas dançando. Tomamos uma cerveja, ele me disse que estava de passagem... Dei sorte, ele não era bonito, mas era cheiroso, gostoso. Contei que estava ali por curiosidade. Não sei se ele acreditou, mas não falou em dinheiro. Não liguei, minha fantasia era fazer sexo com um estranho. Acabamos transando (com camisinha) num canto do bar. Fiz de tudo: sexo oral, anal, mais do que fariam as mulheres daquela praça. No fim, ele me beijou muito e pediu meu telefone. Dei o número errado. Voltei para casa feliz e dormi como um anjo.'

A REVELAÇÃO 'Algumas semanas depois, eu e Beto voltamos a namorar. Um dia, assistimos a uma reportagem na TV sobre a Praça Mauá e ficamos comentando o assunto. Sem pensar muito, soltei: 'Eu estive lá, realizei minha fantasia'. Ele ficou muito agressivo. Gritou: 'Você não presta!'. Para tentar acalmá-lo, disse que estávamos brigados na época. É claro que ele não entendeu. Falou que, mesmo assim, eu era sua mulher e que não queria mais saber de mim. Foi embora furioso. Passou 20 dias sem dar notícias. Eu fiquei na minha. Não quis dar o braço a torcer. Até que ele me ligou e propôs uma conversa. Disse que não queria me perder, que ia tentar esquecer o assunto. E, de repente, falou: 'E se você repetisse a experiência comigo?'. Na hora, tive medo de encontrar o homem da primeira vez. Mas arrisquei. Fui de minissaia, saltão.

Beto passou como um cliente e me levou a outro bar ali perto. Transamos lá mesmo. Foi excitante, mas da primeira vez, com aquele estranho, foi mais. Depois disso, vi que não tinha nada a ver ter compartilhado aquela aventura com Beto. Era um fetiche meu. Quando dividi com ele, perdeu a graça. Aliás, nossa relação anda morna, e ando pensando em atacar de prostituta de novo... Mas nem passa pela minha cabeça contar a ele.'

Rainha da Sex-Shop

Lígia*, 38 anos, psicóloga

O SEGREDO 'Adoro brinquedos eróticos. Comprei meu primeiro vibrador aos 20 anos, acompanhada de meu marido, na época. Ele curtia novas experiências. Passei a colecionar esses brinquedinhos: calcinhas que vibram, pênis de vários tamanhos, óleos que esquentam e esfriam, algemas de pelúcia. Sem contar a quantidade de fantasias: doméstica, enfermeira, índia cherokee, mamãe Noel... Aos 34 anos, eu me separei. Estava solteira, madura e no auge da vida sexual. Foi quando conheci Marcelo*, meu segundo marido. A gente logo se deu bem na cama, mas é dificil saber o que revelar ou esconder num início de relacionamento. Ele me parecia mais discreto e reservado do que o ex. A essa altura, eu tinha seis vibradores e um arsenal erótico no armário. Fiquei no dilema: 'Conto ou não?'. Ele poderia me achar 'tarada' ou rejeitar meus acessórios.'

A REVELAÇÃO 'Depois de quatro meses juntos, estávamos vendo um filme erótico na TV a cabo e uma das personagens usava um vibrador. Pensei: 'É agora!'. Perguntei: 'O que você acha disso?'. Ele fez cara de indiferença e respondeu: 'Legal'. Entrei no quarto e peguei um vibrador -escolhi um bem normal, formato de pênis, médio (achei que era melhor esperar para mostrar aquele de estilo cibernético, transparente, com bolinhas que giram e luzes que piscam). Quando mostrei, ele fez cara de espanto, mas em seguida topou a brincadeira, usando o vibrador em mim enquanto fazia sexo oral. Adorei, mas percebi que era algo novo para ele. Marcelo não estava solto, mas não comentou nada. No dia seguinte, durante o jantar, ele me perguntou se eu tinha outros vibradores. Eu disse que sim, e ele me bombardeu de perguntas: 'Quantos?', 'Por que tantos?', 'Só sente prazer assim?' etc. Com calma, fui explicando que gostava dos meus brinquedos, mas que isso não significava que estivesse insatisfeita com seu desempenho na cama. Deixei isso claro e, aos poucos, ele foi aceitando a idéia. Até que, um dia, mostrei meu estoque. Ele só ficou ouvindo e observando, calado. Passamos a usar um ou outro brinquedo, às vezes, mas a iniciativa partia sempre de mim. Meses depois, viajei sozinha por duas semanas. Quando voltei, Marcelo havia preparado uma surpresa: acendeu velas pela sala e colocou uma música sensual. Em seguida, vendou meus olhos, me colocou deitada sobre a mesa de jantar e me estimulou com mel, chocolate derretido, gelo... Uma loucura! Depois, pegou todos os meus vibradores e foi me penetrando com cada um deles, perguntando de qual eu gostava mais. Estávamos muito excitados, tanto que pela primeira vez experimentamos a dupla penetração, com ele e o vibrador.'Eu tinha vários tipos de vibradores e um arsenal erótico no armário, ele poderia me achar uma 'tarada'' -Lígia

No fim, ele guardou os vibradores numa caixa e disse: 'Agora eu é quem vou administrar seus brinquedos'. E pôs a caixa no armário dele. Sei que é uma forma de controle. No fundo ele sente ciúme dos vibradores, mas topei o jogo. Ele fica mais tranqüilo, o que faz bem para a nossa relação. De vez em quando, pego um vibrador escondido, para usar sozinha, e não conto para ele. Acho que alguns segredos podem ser mantidos, numa boa. No meu caso, foi ótimo ter contado. Ficamos mais próximos. Até acho que as mulheres podem ter suas 'caixas secretas'. O que não pode haver é culpa ou insatisfação por causa disso.'

'Falei que transei a três, com outros casais. Ele fez cara de espanto e perguntou se eu era garota de programa' -Valéria

Sozinha no Swing

Valéria*, 28 anos, vendedora

O SEGREDO 'Gosto de ir a casas de swing. Já transei com casais, com dois homens, com duas mulheres... Minha estréia foi há dois anos. Um amigo me ligou convidando, chamamos outra amiga e fomos os três. Gostamos tanto da balada que repetimos várias vezes. Na primeira vez, sentei em uma das mesas do salão, onde tem uma pista de dança. É o lugar onde as pessoas conversam, bebem. Eu já tinha lido a respeito e sabia que existia um 'código' de aproximação: a pessoa coloca a mão no seu ombro.

Se você deixa que ela te toque, dá o sinal verde. Confesso que me senti confusa e tímida no começo, mas aos poucos fui me envolvendo, ficando excitada... Tinha gente de 20 a 50 anos, alguns bonitos, outros feios, mas o clima de excitação geral me atraía. Acabei transando com um homem, enquanto a mulher dele assistia. Foi ótimo! Numa outra noite, experimentei transar a três, sempre com camisinha (é outra regra do swing). Uma vez, só saí de lá às cinco da manhã. Gostava de passar pelos labirintos, uns corredores escuros, onde rolam amassos. E tem as cabines de vidro, onde tudo acontece. Sempre foi bom. Tanto que, quando conheci Júnior*, meu último namorado, achei que ele ia até curtir essas loucuras. A gente se dava bem sexualmente. Cheguei a apresentá-lo aos meus pais. Mas levei três meses para abrir o jogo.'

A REVELAÇÃO 'Num jantar a dois, começamos a falar sobre loucuras da adolescência. Eu disse que comecei a fazer 'loucuras' depois de crescida. 'Que tipo de loucura?', ele quis saber. Contei, então, que tinha ido a casas de swing, como se fosse algo natural, uma fantasia possível de ser realizada. Ele fez cara de espanto. Disse que não sabia bem como funcionava.

Contei rapidamente, disse que a gente podia participar da 'brincadeira' com uma, duas ou mais pessoas... 'Mas você vai transar com outro? E eu?' Júnior ficava cada vez mais chocado. Por fim, perguntou: 'Você é garota de programa?'. Achei que estava brincando e até fiz piadinha: 'Vou ser garota de programa só pra você'. Mas a reação foi de indignação total. Atordoado, ele disse que ia embora. Percebi que tinha falado demais. Mas, no fundo, eu não queria esconder isso dele, nem de nenhum homem que eu ame. Ele disse: 'Você não serve para mim'. Não chegou a ser agressivo, simplesmente terminou tudo, friamente. Fiquei chateada porque gostava dele. Ainda sou adepta da verdade, mas aprendi que a gente tem de preparar as pessoas antes de contar.'

Lembranças de um Menage a Trois

Paula*, universitária, 41 anos

O SEGREDO 'Transei com duas mulheres ao mesmo tempo. Foi uma loucura da adolescência. Eu tinha 16 anos e estava dormindo na casa de uma tia com duas amigas: Carla*, de 17, e Vanessa*, de 20. Era de madrugada quando acordei zonza e percebi que meus braços haviam sido amarrados na cabeceira da cama. À minha frente estavam as duas, nuas, trocando beijos e carícias. De repente me dei conta de que elas tinham tirado a minha roupa enquanto eu dormia. O meu sono era pesado porque a gente tinha tomado vinho e fofocado muito na noite anterior. Fiquei assustada, ameacei gritar. Carla disse: 'Só vamos te desamarrar se você transar com a gente'. Então, as duas começaram a me beijar e eu, mesmo achando tudo estranho, retribuí. Aos poucos fui gostando. Eu já não era virgem. Nunca tinha me imaginado fazendo sexo com uma mulher, quanto mais com duas, mas fiquei totalmente entregue. Pela primeira vez tive orgasmo.

Hoje, 25 anos depois, digo, sem dúvida: foi uma das experiências mais excitantes da minha vida. Repetimos a aventura, e foi ainda melhor. Mas, depois, nos distanciamos. Aos 20 anos, eu me casei com um militar. Tivemos três filhas, sempre fui apaixonada por ele e nunca me questionei sobre minha sexualidade. Mas essa experiência homossexual foi deliciosa. Talvez por isso, sempre quis dividi-la com meu marido. Pensei em contar a história como se fosse de uma amiga, mas desisti. Passei 15 anos em silêncio. Temia que ele achasse aquilo imoral.'

A REVELAÇÃO 'Um dia, na cama, meu marido começou a contar sobre suas aventuras amorosas de adolescente e pediu que eu contasse algo que eu tinha experimentado. Respirei fundo e narrei minha transa com as duas amigas. Ele ouviu atentamente e, quando terminei, ficou em silêncio, sério. Isso me incomodou, pensei que ele tivesse achado a história nojenta. De repente, ele deu uma gargalhada demorada e pediu: 'Conta de novo?'. Adorei sua reação. Isso me excitou e excita até hoje. Contei mais uma vez, e, no meio da história, começamos a transar em todas as posições possíveis. Desde aquele dia, ele me pede para repetir essa historinha. Às vezes pensamos em fazer um ménage à trois, mas ainda não sabemos como. Queremos que aconteça naturalmente. No meu caso, foi gostoso compartilhar esse segredo. Eu me senti aliviada e realizada, por saber que meu marido é meu cúmplice.'

Contar? Ou não contar: O que um homem não suporta é ouvir que seu membro é menor. Se quiser ir na jugular, é a receita certa

Se o intuito é apenas apimentar o sexo, contar detalhes pode ter um efeito e tanto. Mas você não tem de entregar uma planilha Excel com todas as suas transas como se fosse uma espécie de currículo. Se o assunto surge na conversa, se está no contexto, beleza.

O parceiro sempre deixa claro, mesmo que nas entrelinhas, o que espera de nós. Vai da sabedoria de cada um perceber o que deve ou não ser dito. É preciso sentir o quanto essa relação é íntima, e o quanto essa revelação a deixará vulnerável.

O homem até admite ouvir alguns segredos, desde que sob a garantia -ou a mentira sincera- de que é o melhor de todos. Aí mora o ego masculino. 'Nem se compara, amor...' Adoramos ouvir esse tipo de sopro no ouvido. O que um homem nunca suporta, pouco importa se é verdade ou não, é a 'centrimetragem' comparada. Ou seja, ouvir que seu membro é menor. Homem nasce e morre tolo nesse sentido, por mais bem-informado ou desencanado que seja. Se quer ofendê-lo, se quer ir na jugular, é a receita certa.

O mais importante é a mulher saber que, quando conta um segredo, está assumindo uma responsabilidade consigo mesma. É uma necessidade dela contar, e não algo que ela fez porque 'ele queria saber.

Colaboraram: Rosane Queiroz e Marina Morena Costa

*Os nomes foram trocados a pedido das entrevistadas

Um comentário:

  1. ACHEI A MATÉRIA SUPER LEVE E INTERESSANTE, ALÉM DE DESMISTIFICAR MUITA COISA, FATO QUE OCORRE COM FREQUENCIA NESTE BLOG.VOCÊS ESTÃO DE PARABÉNS.CONTINUEM MOSTRANDO A VIDA COMO ELA É.OBRIGADA!

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