domingo, 22 de fevereiro de 2009

Vida Real

'Gosto de todos os tipos de sexo. Mas não suporto dor nem atitudes violentas. Aprendi isso de tanto me testar'

Eu transo com homem, mulher, gay, bi ou todo mundo junto. Diz estar se preparando para se deitar com um travesti. Quer experimentar, saber como é se relacionar com esse tipo de homem. Para a Socióloga estrangeira Ana Delana, de 36 anos, leonina de 8 de agosto, fazer sexo sem restrições é apenas uma maneira de expressar sua liberdade. 'Ninguém me domina', diz. Aqui, ela conta parte de suas aventuras.

Já perdi a conta de com quantas pessoas transei na vida, nem faço questão de contar. Mas foram muitas! Aprendi a me relacionar pelo sexo e não me importo de dividir a cama com homens, mulheres, gays, bissexuais e também todo mundo junto. Há quem me considere ninfomaníaca. Não é o caso. Me defino como alguém de espírito livre e sem preconceitos. Dinheiro nunca entrou nessas histórias. É só uma forma diferente de ter prazer. Eu me excito com facilidade, o que tem me levado a relações excêntricas, e às vezes chocantes, para a maioria dos mortais.
Costumo transar, em média, duas vezes por semana, nada absurdo. Meus parceiros são desconhecidos, gente que encontro na noite e por quem acabo sentindo empatia. Raras vezes fiz uma segunda rodada com as mesmas pessoas. Por enquanto, não quero me disponibilizar afetivamente por muito tempo. Prezo minha liberdade e, além disso, o afeto pode vir de amigos e de pessoas com quem convivo social e intelectualmente.
Raramente saio sozinha e, quando saio, nunca tenho em mente a 'caça'. Quero me divertir, ficar com os amigos, beber uma cerveja. Mas as oportunidades de sexo aparecem e, em geral, tenho disposição para encará-las. Prefiro ambientes gays aos héteros, que são limitantes. A abordagem dos homens costuma ser agressiva. Existe uma espécie de código de como homens e mulheres devem se comportar e, como não suporto regras, evito esses lugares para não me desgastar. Entre os gays, fico à vontade. Há um respeito pelas pessoas, mesmo que não role nada sexual.
Semana passada, eu fui com um amigo a um clube gay, onde toca música eletrônica. Conversamos, dançamos e, uma hora, cada um foi para um canto. Fui para o bar e me sentei ao lado de dois homens. Logo entendi, pelos gestos, que eram gays. Pedi a um deles para acender o meu cigarro e, por causa do meu sotaque estrangeiro, rolou um papo. Queriam saber de onde venho, o que faço em São Paulo, essas coisas. Uma garota chegou em seguida. Ela logo deu um jeito de dizer que era bissexual e quis saber a minha orientação. 'Gosto de pessoas', disse.
Tanto ela quanto os gays ficaram animadíssimos. Mas não dei mais pistas sobre mim. Uma meia hora depois, apareceram dois homens, que me foram apresentados como héteros. A menina estava interessada em mim, percebi pelos olhares que me lançava. Foi se criando um clima de sedução, e eu achava que era só entre mim e ela. Me senti poderosa e bonita, como em geral me sinto. Eram umas quatro horas da manhã quando alguém fez a proposta de irmos a um apartamento tomar mais um drinque. Eu sabia o que havia nas entrelinhas daquele convite, mas não tinha certeza de que todo mundo estava disposto a transar.
Fiquei à vontade naquele grupo, que tinha uma energia legal. No apartamento, alguém jogou um colchão no meio da sala. Eu me deitei nele, e os héteros vieram para perto de mim. Começamos com uns beijos, umas carícias, e logo partimos para a transa. Os gays ficaram olhando, a menina deu uma sumida. Depois, eles se juntaram à gente. Os héteros exigiram bastante de nós. Eu queria dar atenção a todo mundo e sei que não fiz papel feio.
Transamos por quase uma hora. Aí, eu dormi. Quando acordei, me juntei às pessoas para um café preto e muita água para hidratar o corpo. Na despedida, eu fiz como de costume: dei um beijo na testa de cada um deles, um gesto carinhoso, mas despojado de uma intenção de prolongar a relação. A idéia não é essa!
Esse meu jeito de ser não é um comportamento que adquiri de repente. Fui testando os meus limites até descobrir o que agüento. Hoje posso dizer que sou bem resistente! Sou a mais velha dos três filhos dos meus pais, que são bem severos. Só que eu não correspondia às expectativas deles. Desde menina, queria ser livre. Tive meu primeiro namorado aos 17 anos. Foi com ele que perdi a virgindade. Apesar de ter escondido dos meus pais, por medo, gostei da experiência. Outros namorados vieram e com todos mantive relações convencionais. Mas, aos 20 anos, não suportei mais os controles familiares e fugi de casa. Fui para Boston, atrás de um amigo americano que havia me prometido ajuda, se um dia eu fosse para lá. Só que, quando cheguei, ele tinha mudado de idéia.
Fui acolhida pelos pais dele, mas tive que me virar. Trabalhei até na construção civil, carregando tijolo. Boston é uma cidade rica, não tem tanto imigrante como no sul e é propícia para o exercício da liberdade. Você pode ser o que é. E fui. Tive algumas experiências diferentes, como transar com dois homens de uma vez, mas não extrapolei demais os meus limites porque ainda não estava preparada para isso. Depoimento a Fernanda

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