sexta-feira, 4 de junho de 2010

Relação sexual

Tanto no homem quanto na mulher, as energias sexuais se manifestam naturalmente, mas a forma como ela será usada depende do nível de cada um. A prática sexual objetiva, sobretudo, a reprodução da espécie, mas, não se destina tão-somente a essa finalidade.

Os casais poderão encontrar na vida sexual, estímulos que ajudarão na convivência, na estabilidade psicoemocional e nos laços do casamento. No entanto, o relacionamento sexual por si só não sustenta um casamento; é só uma parte dele, e para alguns casais não tem tanta importância. É preciso todo um trabalho a dois para construir uma vida sólida.

O relacionamento sexual pode ser fator determinante para a vida conjugal. No entanto, a afinidade sexual por si mesma não garante a estabilidade, a satisfação ou o amadurecimento da vida conjugal, mas pode contribuir muito para a consolidação ou realimentação de sentimentos afetivos e afinidades individuais imprescindíveis à convivência. Quanto à sexualidade, não é mais fácil ser homem ou mulher, pois existem facilidades e dificuldades proporcionais para ambos os sexos, senão a Natureza não seria sábia.

É normal ter relações sexuais todos os dias, mas não é essa a freqüência para a maioria dos casais. Embora não se tenham, e provavelmente não se terão, dados comprovadamente precisos, estimamos que, no Brasil, a média de relações sexuais por semana varie de três a quatro, para a faixa etária de 16 a 25 anos; duas e três para a faixa de 25 a 55 anos; uma e duas para a faixa acima dos 55 anos.

A relação sexual pode ser dolorosa para a mulher, porque a lubrificação vaginal é insuficiente e há a sensibilidade de tecidos da vulva e da vagina ao atrito do pênis; devido a infecções variadas: tumores ou cistos do útero, dos ovários e das trompas; aderência do clitóris; endometriose; vaginismo; lesões de parto ou defloramento; hemorróidas e fissuras ou fístulas anais; alergia à “camisinha” ou do diafragma de qualidade inferior.

A relação sexual pode ser dolorosa para o homem, por inflamação da glande e do prepúcio; estreitamento anormal do prepúcio (parafimose), que estrangula dolorosamente o pênis na ereção; inflamação crônica da próstata (prostatite); lesões da uretra, cicatrizadas ou não, resultantes de infecções venéreas, uretrite, cistite.

Sensibilização erógena é o processo pelo qual uma pessoa pode desenvolver sua capacidade de experimentar prazer sexual. Desenvolve-se o processo de sensibilização erógena através de carícias e de carinho precedentes ao ato sexual. Esse processo consiste no desenvolvimento de sentimentos e de sensibilidade psicoemocional, destinados a preparar o corpo e a mente para a relação sexual.

O amor, o carinho e a identificação física são os principais fatores para o desenvolvimento da harmonia emocional e do prazer sexual. E também o desenvolvimento de uma disciplina salutar visa impedir a precipitação, a rapidez e a concretização prematura do ato, causas de inúmeras insatisfações sexuais: impotência, frigidez, coitofobia, timidez, desvios e anomalias psicossexuais.

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Freqüentemente ocorre entre alguns casais, falar palavrões durante o relacionamento sexual. Em alguns casos, é uma tentativa de exteriorizar prazer, em outros poderá ser uma forma leve de sadismo ou de sadomasoquismo. É também um processo de educação sexual evitar dizer palavrões durante o ato, para que se melhore a qualidade e se intensifiquem as manifestações de sentimentos e de prazer antes, durante e após a relação.

O tamanho dos órgãos genitais não influencia na relação sexual. O que influencia é a consideração mútua com relação à sensibilidade física e psicológica, as carícias, o respeito e a percepção das características individuais e sexuais que levem a uma relação interpessoal satisfatória.

A posição “tradicional” é a mais recomendada para o ato sexual. Pelo menos é a mais usada pela maioria dos casais. Há correntes extremistas que reprovam a variação da postura tradicional. O outro extremo recomenda um repertório de contorções acrobáticas, mas o mais conveniente é evitar a preocupação excessiva com técnicas e posturas, que pode levar a uma valorização do aspecto exclusivamente mecânico do sexo, em detrimento da espontaneidade e dos sentimentos. A postura física do coito anal é desaconselhada por comprometer a saúde do homem e da mulher. Coito anal, oral, ato sexual durante a menstruação e práticas sadomasoquistas que comprometam a integridade física não são aceitos por 80% das mulheres brasileiras.

A sensibilidade geral da mulher, não raras vezes, é mais acentuada que a sensibilidade do homem, possibilitando experimentar melhor o orgasmo, mas os homens, que têm desenvolvida a sensibilidade psicossexual, experimentam o orgasmo com a mesma intensidade da mulher. A questão é mais psíquica do que física.

A mulher é mais seletiva e mais exigente em matéria de sexo. O homem é mais sensível à aparência, às formas anatômicas, ao aspecto físico. A mulher é mais sensível ao aspecto psicológico e à identidade individual. No entanto, essas características poderão existir tanto no homem quanto na mulher. Vai depender do desenvolvimento de características psíquicas masculinas e femininas que existem naturalmente nos homens e nas mulheres.

O homem se excita mais depressa do que a mulher, devido às características psicofisiológicas da maioria dos homens, mais identificados com as imagens e sensações exteriores do que com as razões ou aspectos psíquicos da relação.

Pensa-se que o homem é quem mais toma a iniciativa sexual. No entanto, a iniciativa sexual é mais um fator de natureza psicológica, que cultural, social ou fisiológica, embora esses fatores tenham suas influências, mas a principal influência é a do psiquismo. As características da psique masculina – sempre a parte ativa – são as que determinam a iniciativa sexual tanto no homem quanto na mulher. Há mulheres dotadas de acentuada psique masculina, que tomam ou preferem tomar a iniciativa sexual e afetiva.

Há homens dotados de acentuado psiquismo feminino que estão sempre à espera da iniciativa da mulher. As características psicológicas, entretanto, não são estáticas, mas dinâmicas. Essa dinâmica não é linear, mas cíclica. As iniciativas sexuais podem se manifestar alternadamente no casal. Essa alternância de manifestações psicológicas no indivíduo somente ocorre quando existe um equilibro quase estável entre seus psiquismos masculino e feminino.

O desejo de sofrer agressões durante o ato sexual é um forte sintoma de masoquismo. Não se deve confundir violência e agressividade com atitudes firmes ou bruscas, que não caracterizam a manifestação masoquista.

As diferenças entre as reações sexuais dos homens e das mulheres estão mais relacionadas às características psicológicas e fisiológicas do homem e da mulher. Durante a juventude, a mulher demora mais do que o homem para chegar ao orgasmo. A partir dos 30 anos, a mulher tem mais facilidade para o orgasmo e o homem tende a ser mais lento, devido ao condicionamento psíquico de ambos.

Para se ter uma vida sexual plena, há inúmeros caminhos:

1) Compreensão mútua de cada um quanto às características psicossexuais do outro,

2) Fidelidade conjugal e sexual para estabelecer a concentração e harmonização das energias afetivas e sexuais,

3) Diálogo,

4) Carícias e carinho,

5) Respeito,

6) Responsabilidade e previdência,

7) Desinibição,

8) Disciplina emocional e esforço psíquico para corrigir condicionamentos associados a desvios ou anomalias sexuais,

9) Conhecimento e estudo dos elementos psicológicos, fisiológicos e sociais, associados à vida afetiva e/ou sexual do ser humano,

10) Amor.

Artigos de Emídio Brasileiro publicados no Diário da Manhã

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